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Radium - A Questão

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Ter 26 Mar 2019, 18:45
https://en.wikipedia.org/wiki/Radium_dials

Meus caros amigos,

Todos os relogios produzidos até à década de 50 têm este material luminoso nos mostradores e ponteiros. Como todos sabem é radioativo e potencialmente perigoso para a saude, se ingerido ou inalado. Toda a gente sabe a historia das Radium Girls.
Como lindam com o problema? Sei que são relógios muito valorizados por uns e evitados por outros.
E vocês?

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Ter 26 Mar 2019, 20:39
Excelente tópico, também já tinha pensado em colocar aqui no fórum. Isto até porque também tenho dúvidas quanto a este tema.

Como apreciador de vintage esta questão do "radium" sempre me deixou de pé atrás. Sobretudo no que toca a relogios militares.
Muitos dizem que não tem problema, outros dizem que tem... Nunca sei bem no que acreditar...

https://www.hodinkee.com/articles/new-report-shows-radium-dials-might-pose-serious-danger

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Qua 27 Mar 2019, 07:53
Um tópico para acompanhar.
Alguém sabe a quantidade de radiação emitida?
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Qua 27 Mar 2019, 10:28
@Sansoni7 penso que isso deverá variar de relógio para relógio, só deve ser possível calcular com um aparelho específico tal como refere o artigo do Hodinkee.
De qualquer modo, bom para a saúde não parece ser

Cumprimentos
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Qua 27 Mar 2019, 11:05
Bem, se não tivermos o hábito de lamber os mostradores dos relógios (ver a história das radium girls), os mostradores com rádio são inofensivos para o utilizador.

A questão da perigosidade do rádio tem a ver com a produção dos mostradores e com o facto de particulas de rádio poderem entrar dentro do corpo: por inalação ou ingestão.

O artigo citado pela Hodinkee refere-se a uma significativa quantidade de mostradores soltos (fora da caixa do relógio), num espaço mal ventilado e frequentado por longos períodos de tempo.

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Qua 27 Mar 2019, 11:11
Tema interessante e relativamente pertinente!
Digo relativamente pois há muitos factores a ter em conta e nem tudo parece ser claro. Mais, quantos de nós temos relógios dessa época com mostradores 100% originais e em bom estado? Razz

@ricardo97reis Esse artigo da Hodinkee fala em duas coisas distintas: Radium no material luminoso, e o gas Radon libertado pelo Radium. Dando mais destaque às descobertas sobre o efeito do gas Radon no ar.

Já tive com uns quantos relógios com radium inclusive a ver com colecionadores com leitores de Geiger para terem a certeza que os relógios estavam originais etc.

Resumidamente, pela minha extremamente reduzida experiência e pelo que já li online e entre conversas, é que há dois aspectos a ter em conta em relação à radiação:
- a quantidade vinda do lado do mostrador é tipicamente maior, mas tem o vidro a limitar a sua libertação;
- e do lado da tampa, que é o que tem contacto com a pele, costuma ser nitidamente menor.

Acho que a maior parte dos colecionadores/vendedores não aparenta ter grande preocupação com isso... No entanto acho que os relojoeiros que trabalham neles é que se devem preocupar um pouco mais.

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Qua 27 Mar 2019, 11:17
Não deixa de ser preocupante, pensar que podemos ter materiais radioactivos em casa ... ainda que confinados ao espaço por baixo do vidro do relógio!
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Qua 27 Mar 2019, 11:40
JPP escreveu:Não deixa de ser preocupante, pensar que podemos ter materiais radioactivos em casa ... ainda que confinados ao espaço por baixo do vidro do relógio!

Claro que não, no entanto há que saber os factos para determinar o grau de preocupação que cada um quer ter.

Já agora, o Tritium que veio substituir o Radium, e que está presente em praticamente todos os relógios até aos anos 90 (generalizando um pouco) também é radioativo. Apenas tem uma vida média de 12.3 anos, enquanto o radium é de 1600 ou assim What a Face
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Qua 27 Mar 2019, 11:45
m84 escreveu:
JPP escreveu:Não deixa de ser preocupante, pensar que podemos ter materiais radioactivos em casa ... ainda que confinados ao espaço por baixo do vidro do relógio!

Claro que não, no entanto há que saber os factos para determinar o grau de preocupação que cada um quer ter.

Já agora, o Tritium que veio substituir o Radium, e que está presente em praticamente todos os relógios até aos anos 90 (generalizando um pouco) também é radioativo. Apenas tem uma vida média de 12.3 anos, enquanto o radium é de 1600 ou assim What a Face

12,3 ou 123? Ai!  What a Face
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Qui 28 Mar 2019, 18:36
Eu começo a pensar assim:

Até aos anos 50, mostradores com luminosos eram todos produzidos com radium, logo radioactivos. Não penso possuir nenhum desses. Alias, o único que tenho vai retirar o radium de certeza. Quando deixa de ser luminoso, transforma-se em pó. Este pó é facilmente inalado. Não pretendo correr riscos...
Segundo li os SWISS MADE que têm o T dos anos 60 à frente têm Tritium (também radioativo, mas 12 anos depois de ser colocado é inofensivo) Estes sim planejo ter.

Temos um hobbie muito bonito, mas não convém ser-nos prejudicial, creio.
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Ter 02 Abr 2019, 11:11
antigamente ate agua radioactiva termal havia
e ainda ha apenas nao sendo usada https://nit.pt/out-of-town/07-21-2016-edificios-abandonados-o-hotel-que-nasceu-e-morreu-por-causa-da-radioatividade
mas .... a historia das meninas nao conheçia
agora duvido é que os membros deste forum com relogios andem a brilhar no escuro e ter guelras atras das orelhas
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Dom 19 maio 2019, 13:49

Venho apenas deixar a minha opinião neste tema.
Esta é uma questão de facto importante e por isso vou alongar-me um pouco. (Paciência para quem ler tudo  Laughing )

Existe uma grande divisão entre quem acha que “não faz mal nenhum” e quem reconhece que estes relógios exigem cuidado.
O problema não está no material ser ou não radioativo em si.
No nosso dia a dia lidamos com imensas coisas radioativas. Por exemplo, costumo até brincar que o potássio de uma mera Banana pode ser um elemento radioativo.

A questão é a forma como as nossas células interagem com essa radioatividade. No caso de isótopos fortes, como o rádium ou tritium, pode levar às referidas formas de cancro devido à constante exposição. As nossas células são destruídas por esse tipo de radiação.

Nos relógios, encontram-se frequentemente os seguintes materiais:
- Radium: Ainda se encontra em modelos até por volta da década de 60, quando surgiram as leis contra o seu uso.
Se não estou em erro, as restrições legais surgiram primeiro na América. Ou seja, muitas marcas europeias continuaram a usar rádium por mais alguns anos.
Só algumas marcas suíças aderiram logo à substituição por Tritium e marcaram os dials com um T. Muitas marcas mantiveram o rádium.
Nota-se geralmente pelo tom castanho com que envelhece e pelo queimado que deixa nos dial brancos ou nos ponteiros.
- Tritium: Apensar de ter um tempo de meia vida menor, é igualmente perigoso. Envelhece normalmente para tons pastel ou esverdeados.
O problema do tritium é que ao envelhecer, se a tinta for de fraca qualidade, fica em “pó” pelo mostrador. O que o trona muito mais fácil de ingerir ao limpar ou mexer num mecanismo se não houver os devidos cuidados. Daí o seu perigo.
- Promethium, usado pela SEIKO por volta dos anos 80, mas nunca deu grande sucesso pq aguentava “pouco tempo”.
- Tritium em gás.  É o que se usa atualmente nos relógios de alta gama.
Julgo que se encontra em alguns Rolex e Omega. E a marca Vostok também usa bastante.
A razão de usarem o material em forma gasoso não é apenas por mera modernice. Caso o tubo se parta, o isótopo dispersa-se e reage muito rapidamente com as partículas de oxigénio. Tornando-o quase impossível de respirar e, por isso, é praticamente impossível ele ser ingerido em caso de acidente.

Resumindo: Importa ter cuidado sim, principalmente quem lida, restaura e limpa este tipo de materiais.
Não é possível quantificar quanta radiação é absorvida por uma pessoa que usa um relógio X horas.
Ter uma caixa em aço e vidro mineral é uma coisa. Ter uma caixa fina e cromada com vidro acrílico será outra.
E também não é possível saber qual a proporção de material radioativo e de tinta as marcas misturavam.

Por exemplo, os relógios de bolso inicialmente não eram fechados nos dois lados: Tínhamos apenas a tampa traseira, onde se dava corda e o vidro à frente.
Quando surgiu a tampa frontal, não foi meramente para proteger o vidro e o relógio. Foi tambem como forma de existir uma camada extra a proteger a pessoa do rádium colocado no mostrador.

Outro exemplo é ver o estado em que muitos relógios ficam ao longo dos anos.
Há uns que envelhecem e ficam com a dita “patina”. Outros ficam efetivamente queimados devido à radioatividade e muitas vezes não é apenas o mostrador.
Já encontrei relógios antigos onde o plaquê da caixa (níquel ou cromado) estava a escamar não pela fraca qualidade da caixa, mas possivelmente por influencia da radioatividade do mostrador ao longo dos anos.

Alem disso, a maioria dos relógios vintages usam vidro acrílico.  Ou seja, é ainda mais fácil as partículas radioativas passarem por ele e chegarem até nós.
Claro que não é pelas vezes que olhamos para o relógio ao longo do dia, mas uma vida inteira com o mesmo relógio no pulso, traz efetivamente danos para a saúde.

Já agora, o tritium tem de facto um meia vida de +/- 13 anos.
Imaginando um relógio de 1970, em 1985 existiria 50% de material radioativo, em 2000 cerca de 25% e no presente, ainda resta cerca de 12.5% de material radioativo.
O Radium tem meia vida de 1600 anos. Ou seja, até um relógio de 1950 ainda tem o rádium na sua forma mais radioativa.

Importa também dizer que embora o relógio já “não brilhe” o que “acabou” não foi o trititum ou o radium.
Quem “acabou” foi a tinta, que libertava os fosfatos que reagiam com as partículas radioativas e brilhavam.
O rádium, por exemplo, brilhava até de dia. E por isso era usado nos tanques, aviões e submarinos na altura da grande guerra.
Ao contraio dos atuais materiais florescentes, que se excitam com a luz, no passado eram os químicos presentes na tinta que reagiam com o material radioativo .



Última edição por Miguel em Seg 20 maio 2019, 08:58, editado 1 vez(es)
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Dom 19 maio 2019, 14:30
Muito interessante! Vê-se que dominas bem a matéria, obrigado pela excelente explicação! Mas sendo assim, quem como eu não usa um relógio mais que dois ou três dias seguidos e depois muda para outro, sendo que uns são mais antigos e outros muito menos, e outros são mesmo recentes, não terá grandes razões de preocupação ... Question
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Dom 19 maio 2019, 14:48
JPP escreveu:Muito interessante! Vê-se que dominas bem a matéria, obrigado pela excelente explicação! Mas sendo assim, quem como eu não usa um relógio mais que dois ou três dias seguidos e depois muda para outro, sendo que uns são mais antigos e outros muito menos, e outros são mesmo recentes, não terá grandes razões de preocupação ... Question

Exato JPP, para o um uso normal não tem problemas. Eu proprio tenho algums relógios com tritum.
E que vamos fazer? Não os podemos deitar fora pois não? Wink

Agora quem faz restauros e reparações deve mesmo ter cuidado.
Mesmo a fazer uma simples revisão ao mecanismo, o pó pode ter vindo do dial para o mecanismo através do mostrador da data. É preciso ter cuidado.
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Dom 19 maio 2019, 18:02
Miguel escreveu:[justify]
Venho apenas deixar a minha opinião neste tema.
Esta é uma questão de facto importante e por isso vou alongar-me um pouco. (Paciência para quem ler tudo  Laughing )
[...]
- Tritium em gás.  É o que se usa atualmente nos relógios de alta gama.
Julgo que se encontra em alguns Rolex e Omega. E a marca Vostok também usa bastante.
A razão de usarem o material em forma gasoso não é apenas por mera modernice. Caso o tubo se parta, o isótopo dispersa-se e reage muito rapidamente com as partículas de oxigénio. Tornando-o quase impossível de respirar e, por isso, é praticamente impossível ele ser ingerido em caso de acidente.

Olá @Miguel, obrigado pela contribuição. Acho que no geral disseste tudo o que precisa de ser dito, no entanto quero só 'corrigir' uma coisa, se me permites.

Sobre o tritium em gás (em tubos), calculo que esteja a falar deste tipo de iluminação (notem os tubos nos ponteiros):
Radium - A Questão 6M3lKCeHT8age4mYRxhB_full_top17

No entanto, não é o que se usa atualmente em relógios de alta gama, e certamente não na Rolex ou Omega, como sugeres.

Para dar mais contexto, no inicio dos anos 90, houve uma empresa Japonesa (Nemoto & Co) que desenvolveu um composto luminoso completamente inofensivo e sem qualquer radiação, chamado Luminova e com o passar do tempo as marcas começaram a trocar o tritium por este.

A Rolex, por exemplo, no final dos anos 90 trocou o tritium com o Luminova (tonalidade verde), mas pouco depois saltou para uma versão melhorada chamada SuperLuminova, e anos mais tarde desenvolveu a sua propria versão chamado Chromalight (tonalidade azul) que é o que utiliza hoje em dia.

A Omega também utiliza SuperLuminova, e arrisco a dizer que a maior parte das marcas utilizam alguma variante da Luminova/SuperLuminova, que já existe nas mais variadas cores e tonalidades (verde, azul, roxo, laranja, amarelo etc...).

A Seiko, no entanto, tem o seu proprio composto (depois do Prometium como disseste) chamado Lumibrite.

Felizmente, todos estes compostos já não são radioativos, e são 'poucas' as marcas que ainda insistem em usar tritium Smile


Cumprimentos,


Última edição por m84 em Dom 19 maio 2019, 18:04, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : correções)
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Seg 20 maio 2019, 08:56
E restaurar ponteiros/índex de material fluorescente, alguém sabe onde se consegue este «trabalho»?
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Seg 20 maio 2019, 09:06
m84 escreveu:
Miguel escreveu:[justify]
Venho apenas deixar a minha opinião neste tema.
Esta é uma questão de facto importante e por isso vou alongar-me um pouco. (Paciência para quem ler tudo  Laughing )
[...]
- Tritium em gás.  É o que se usa atualmente nos relógios de alta gama.
Julgo que se encontra em alguns Rolex e Omega. E a marca Vostok também usa bastante.
A razão de usarem o material em forma gasoso não é apenas por mera modernice. Caso o tubo se parta, o isótopo dispersa-se e reage muito rapidamente com as partículas de oxigénio. Tornando-o quase impossível de respirar e, por isso, é praticamente impossível ele ser ingerido em caso de acidente.

Olá @Miguel, obrigado pela contribuição. Acho que no geral disseste tudo o que precisa de ser dito, no entanto quero só 'corrigir' uma coisa, se me permites.

Sobre o tritium em gás (em tubos), calculo que esteja a falar deste tipo de iluminação (notem os tubos nos ponteiros):
No entanto, não é o que se usa atualmente em relógios de alta gama, e certamente não na Rolex ou Omega, como sugeres.

(...)

A Omega também utiliza SuperLuminova, e arrisco a dizer que a maior parte das marcas utilizam alguma variante da Luminova/SuperLuminova, que já existe nas mais variadas cores e tonalidades (verde, azul, roxo, laranja, amarelo etc...).

A Seiko, no entanto, tem o seu proprio composto (depois do Prometium como disseste) chamado Lumibrite.

Felizmente, todos estes compostos já não são radioativos, e são 'poucas' as marcas que ainda insistem em usar tritium Smile


Cumprimentos,

Revi essa frase na minha resposta @m84. De facto, a Rolex e a Omega nunca usaram este tipo de lume.
Eu é que achei que os modelos com Lume azul eram derivados de tritium em gás.
Mas uma coisa nem se relaciona com outra.
Como bem disseste, a própria luminova já existe com várias cores por si só.
Temos até pelo menos uma empresa nacional especializada nesse sentido (mas acho que não vendem produto para relógios):  http://www.nemoto.pt/luminova%C2%AE

Na minha listagem procurei referir os materiais que são possivelmente nocivos para o corpo humano.
Espero de qualquer forma que tenha sido esclarecedor Smile
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Seg 20 maio 2019, 23:39
Sansoni7 escreveu:E restaurar ponteiros/índex de material fluorescente, alguém sabe onde se consegue este «trabalho»?

Qualquer relojoeiro que se preze consegue fazer isso.
Aliás, os mais cuidadosos até igualar os tons do novo com o antigo conseguem. Wink

Miguel escreveu:
Revi essa frase na minha resposta @m84. De facto, a Rolex e a Omega nunca usaram este tipo de lume.
Eu é que achei que os modelos com Lume azul eram derivados de tritium em gás.
Mas uma coisa nem se relaciona com outra.
Como bem disseste, a própria luminova já existe com várias cores por si só.
Temos até pelo menos uma empresa nacional especializada nesse sentido (mas acho que não vendem produto para relógios):  http://www.nemoto.pt/luminova%C2%AE

Na minha listagem procurei referir os materiais que são possivelmente nocivos para o corpo humano.
Espero de qualquer forma que tenha sido esclarecedor Smile

Como referi no meu post inicial, a Luminova foi desenvolvida pela Nemoto & Co, companhia Japonesa e não portuguesa. Mas com o teu post, fiquei agora a saber agora que têm uma fábrica cá também!

E já agora, devem vender para relógios também. Pelo menos é o que dizem no site Wink
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Radium - A Questão Empty Radium - Afinal qual o perigo efetivo destes relógios.

Qua 05 Jun 2019, 00:00
Da primeira vez que aqui postei não consegui quantificar quanta radiação está presente neste tipo de relógios.
Na minha universidade não me dão acesso a um medidor de Geiger para esta “brincadeira”.   No
Apenas têm acesso a ele pessoas de investigação ou que sejam da área e, o processo não é assim simples.
Não podendo fazer o meu próprio teste, tive que pesquisar.
Depois de alguma leitura deixo-vos um pequeno resumo.

O post vai ser longo.
Quem tiver interesse tem aqui tudo explicado, quer seja ou não da área.
Desculpem ser chato mas assim o pessoal fica com uma ideia destes valores.

Vou usar como métrica o Sievert, que é a escala geralmente usada atualmente.
1 Sievert é uma quantidade enorme de energia, por isso geralmente usa-se a medida numa escala menor, como o miliSievert ou o microSievert.
1 Sievert = 1000 miliSievert (mSv) = 1000000 microSievert (µSv)
ou, visto ao contrário
1 microSievert (µSv) = 0.001 miliSievert (mSv) = 0.000001 Sievert

Em média, uma pessoa é exposta entre 2.4 a 3 mSv por ano. (miliSievert)
Destes, 80% são adquiridos pela natureza em si e cerca de 20% são devido a intervenções humanas que usam radiatividade.
Por exemplo, nestes 20% estarão os exames médicos.
[list]
- Um TAC ao peito tem cerca de 7 mSv, que equivale àquilo que uma pessoa devia naturalmente receber em 2 anos.
- Um TAC coração tem 12 mSv que equivale ao que naturalmente o nosso corpo recebe em 4 anos (mas neste caso a radiação recebida é focada numa região especifica).
-  Um Raio-X ao peito tem cerca de 0.1 mSv que equivale àquilo que recebemos naturalmente em 10 dias.
-  Um raio-X dentário cerca de 0.005 mSv que equivale a 5 µSv.

Isto é uma das razões pelas quais não podemos andar frequentemente a fazer Raios-X e, especialmente, TACs.
Porque vamos gradualmente acumulando níveis de radiação no corpo. Para quem quiser saber mais niveis de radiação presentes em diferentes exames pode usar este link. Tem esquemas por isso o facto de estar em inglês não é problema ( https://www.radiologyinfo.org/en/info.cfm?pg=safety-xray )

Em média e por dia uma pessoa recebe por volta de 10 µSv.
Vamos relembrar estes dois valores: Por 24h recebemos em média 10 µSv e 1 Raio-x dentário tem 5 µSv.
Vamos assumir isto como valores normais para a seguinte comparação.  

Depois de procurar alguns vídeos com medições que me parecessem normais, encontrei os seguintes que me parecem relevante:
VIDEO 1: https://www.youtube.com/watch?v=vjTCWdi2RBs
MEDIÇÕES:
- Trech Watch 1 guerra (Omega sub brand): 14 – 15  µSv/h
- Bulova WW2: 8- 10 µSv/h
- Relógio retirado do dash de um avião da WW2: 7 µSv/h
Ou seja, estes relógios emitem por hora mais do que aquilo que o nosso corpo recebe (em média) por dia.

Claro que não estamos 1 hora a olhar diretamente para o relógio, mas mesmo assim a radiação é projetada tanto pela frente como pela traseira.
Infelizmente neste vídeo eles só mediram a frente do relógio.

Como já disse, o nivel de radiação absorvida depende da intensidade, distancia e duração da exposição. E, no caso dos relógios, do material utilizado na caixa e vidro.

Este outro vídeo, por outro lado, mede exatamente o relógio tanto de frente como de trás.
VIDEO 2: https://www.youtube.com/watch?v=cI9wSPVRKV8
MEDIÇÕES:
- Seiko atual com Luminova: sem radiação, como esperado
- TAg Heuer Professional por volta de 1995 com Tritium: não reage com o medidor. O Trititium já decaiu praticamente ao longo dos últimos anos.
- Dress Watch ~1950s: 5 µSv/h na frente do relógio e 0.7 a 1 µSv/h pela parte traseira do relógio.

Ou seja, num relógio por volta de 1950 e com rádium, só por tê-lo no pulso, estamos a receber 1 µSv/h no pulso, deixados passar pela tampa traseira do relógio.
Ao fim de umas 8 horas, são 8 µSv/h só naquela região do pulso.
Relembro que em média (e para o volume de um corpo inteiro, não apenas a região do pulso) devemos receber 10 µSv por dia.

Em resumo e na minha opinião, evitem mesmo usar relógio com rádium (ww1 and ww2 watches).
Claro que cada um sabe de si e todos vamos desta para melhor, se não for de um modo é de outro, mas podendo evitar ou acelerar este processo é sempre bom.
Além disso, nunca se sabe quando este relógio podem estalar o vidro por qualquer motivo.
E sem dar conta podemos estar a respirar ou tocar nestas partículas radioativas.

EXTRA Apenas para quem tiver curiosidade
Este site ( http://www.chernobylgallery.com/chernobyl-disaster/radiation-levels/ ) apresenta umas medições atuais (2009) de medições efetuadas em alguns locais de Chernobyl.
Aqui a radiação ainda existente não se trata de tritium nem radium mas de produtos derivados da fissão de Uranium.
Apenas para comparação:
- Feira de diversões Pripyat 1.3 µSv / h
- Escola number 1 e 3 : 0.7 µSv / h
- Estradas próximas do reator 4 µSv /h

Em 2016, após a instalação do arco que tapa o reator que explodiu, as medições perto da planta desceram para cerca de 1.2 µSv / h.
Perto da cidade de Pripyat, as medições variam atualmente entre 0.9 e 0.3 µSv /h conforme o local e condições climatéricas.

Em suma, e considerando os níveis de emissão por hora, usar um relógio de pulso com rádium durante 1 dia inteiro é em média o mesmo que passar 1 dia inteiro atualmente em Chernobyl.
(Mais informações sobre as medições atuais em Chernobyl https://www.chernobylwel.com/safety )

EXTRA 2 Isto foca apenas relógios de pulso.
Agora já pensaram naqueles relógios/alarme antigos de mesa ou que se colocavam na mesa de cabeceira?
Porque estes sim, eram e ainda são altualmente uma forte fonte de radium.
E eu próprio acho que ainda tenho um destes lá por casa dos meus avós.
https://www.olx.pt/anuncio/despertador-IDCa02h.html#3e10fa7c17
https://www.olx.pt/anuncio/mostrador-para-antigo-relgio-despertador-IDDcRUo.html#e8360a8b96

Apenas algums exemplos rapidos que podem usar radium sem sequer darmos conta no que estamos a tocar.
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Qua 05 Jun 2019, 08:52
Muito obrigado! Thumbs Up
Já agora, sabes a quantidade de radiação que «levamos» ao fazer uma Ressonância magnética?
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Qua 05 Jun 2019, 09:18
Sansoni7 escreveu:Muito obrigado!  Thumbs Up
Já agora, sabes a quantidade de radiação que «levamos» ao fazer uma Ressonância magnética?

Ressonâncias são baseados em campos magneticos e na oscilação das ondas e na sua frequência. Portanto, não utilizam qualquer tipo de radiação Cool
Nesses podes estar descansado quanto a radiação.
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Qua 05 Jun 2019, 09:28
Miguel escreveu:
Sansoni7 escreveu:Muito obrigado!  Thumbs Up
Já agora, sabes a quantidade de radiação que «levamos» ao fazer uma Ressonância magnética?

Ressonâncias são baseados em campos magneticos e na oscilação das ondas e na sua frequência. Portanto, não utilizam qualquer tipo de radiação Cool
Nesses podes estar descansado quanto a radiação.

Obrigado pelo esclarecimento e, já agora, complemento com este link:

https://www.affidea.pt/news/not%C3%ADcias/imagens-medicas-e-radiacao/
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Radium - A Questão Empty Re: Radium - A Questão

Qua 05 Jun 2019, 09:53
Bem, fiquei um pouco surpreso com as observações sobre o trítio - antes de comprar o CWC G10, tudo o que li explicava que as quantidades do material radioativo eram inofensivas... agora leio isto... Shocked  Espero que seja mesmo seguro usar o relógio. Ainda fico com a paranóia... talvez seja de seguir a série Chernobyl Laughing


Edit: bem, todos os sites e fóruns parecem ser unânimes em afirmar que o trítio apenas seria perigoso se ingerido ou inalado e, mesmo isso, apenas é um perigo real durante a meia-vida de cerca de 12 anos. Por isso, é bastante seguro - exceto para relojoeiros, que têm de ter as devidas precauções nas intervenções ao relógio, claro.
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Radium - A Questão Empty Re: Radium - A Questão

Qua 05 Jun 2019, 11:03
Obrigado @Miguel, por partilhares connosco esta matéria de forma tão detalhada e perceptível! A mim o que me deixa descansado é o facto de ter muitos relógios e os que possam ser nocivos serem poucos e só os usar um ou dois dias em cada dois ou três meses ... ter mais de 100 relógios é uma dor de cabeça para andar sempre com o pulso feliz, mas tem essa parte boa, nenhum deles nos fará muito mal! Basketball
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Radium - A Questão Empty Re: Radium - A Questão

Qua 05 Jun 2019, 11:57
nmfl escreveu:Bem, fiquei um pouco surpreso com as observações sobre o trítio - antes de comprar o CWC G10, tudo o que li explicava que as quantidades do material radioativo eram inofensivas... agora leio isto... Shocked  Espero que seja mesmo seguro usar o relógio. Ainda fico com a paranóia... talvez seja de seguir a série Chernobyl Laughing


Edit: bem, todos os sites e fóruns parecem ser unânimes em afirmar que o trítio apenas seria perigoso se ingerido ou inalado e, mesmo isso, apenas é um perigo real durante a meia-vida de cerca de 12 anos. Por isso, é bastante seguro - exceto para relojoeiros, que têm de ter as devidas precauções nas intervenções ao relógio, claro.

Correcto. Relembro que o foco do meu último post era o Radium, presente na maioria dos relógios militares entre 1930 até 1960.
Depois surgiram as leis contra o Radium e passaram a usar o Tritium.

Este sim, como descrevi no meu primeiro tópico, tem um tempo de meia vida muito mais curto, +/- 15 anos.
Por isso um relógio de 2000 com tritium terá atualmente 50% de particulas radiativas.
Um relógio de 1970 terá ainda cerca de 12.5% de material radioativo.

O tritium tem apenas a desvantagem de se decompor em pó muito fino.
Por isso é muito facil uma pessoa inconscientemente tocar ou respitar restos de tritium quando mexe no movimento por trás. Ou mesmo retirando o calibre com o mostrador da caixa do relógio. Exige algum cuidado.

Mas se não andarmos a senifar aquilo, estamos bem com o Tritium.

Já do Radium, eu evitava. Até pq onde guardarmos os relógios, seja em caixa ou gaveta, a radiação vai acumular-se nessa zona e passar aos restantes relógios.
Por isso não se trata apenas de usar X horas por dia estes relógios. Depende tambem onde os guardamos e como estes reagem com os objetos próximos.
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