The Citizen - outra vez pão?!

Imagino que já quase todos tenhamos visto imagens do novo Citizen automático 0200, equipado com o primeiro novo movimento mecânico da marca em mais de 10 anos, resultante de a Citizen ter adquirido a La Joux-Perret.



Tem o original nome de "The Citizen", e vou deixar que isto seja a deixa para o tema geral que queria lançar - é mais uma iteração na aparentemente infindável série de relógios tipo Genta que as marcas insistem em lançar para o mercado.

O que quero dizer com relógios tipo Genta? Acho que todos sabemos... totalmente em aço inoxidável, caixa poligonal, bracelete integrada. Descendentes mais ou menos assumidos do AP Royal Oak, desenhado por Gerald Genta.

Relembro que, já este ano, a Tissot lançou o novo PRX (quartzo, com o automático previsto para o segundo semestre), muitíssimo elogiado pela crítica, outro dos relógios do ano até agora:



Estes são só os mais recentes e badalados num universo que tem desde Casioaks ao Maurice-Lacroix Aikon (e estou a esquecer-me de carradas). Não estou, de forma nenhuma, a desfazer em todos estes relógios (até porque gosto muito tanto dos Casioaks como do Aikon e gosto do tipo Genta, em geral), mas não estaria na altura de a indústria arriscar um bocadinho mais? Quantas versões do mesmo design nos irão tentar vender?

Mais... o The Citizen custa 6000 USD! (ainda não vi o preço em EUR). Na gama de um Rolex OP ou Explorer?! Não me digam que a Citizen, além de querer vender mais do mesmo, quer imitar os seus compatriotas da Seiko numa ascenção meteórica de mercado só porque sim?

Enfim, uma espécie de semi-rant, mas confesso que estou um bocado frustrado em ver a mesma coisa com logótipos diferentes.

Pelo menos tem duas coisas que gosto, ponteiro dos segundos pequeno e não tem janela com a data.

Mas tem razão, é mais do mesmo e ainda por cima 6000 USD???!!!!!

Claro que se virmos à lupa tem todos aqueles pormenores e padrões de qualidade de topo e outras coisas mais que podem justificar o preço. Mas depois no pulso parece um Citizen de 200€ .

Como diz o ditado "os olhos também comem" e num relógio se não existir um equilibro entre a parte mecânica e a estética está o caldo entornado.

SquareWatch escreveu:
Claro que se virmos à lupa tem todos aqueles pormenores e padrões de qualidade de topo e outras coisas mais que podem justificar o preço. Mas depois no pulso parece um Citizen de 200€ .

Se me arranjares um Citizen com aquele aspeto por 200€ eu compro!

Ás vezes acho que o que se passa nos relógios é o mesmo que se passa nos automóveis, por ex. a maioria quando vê um Alfa 8C gosta e admira mas se veem um Ferrari 488 ficam tolos, ou seja o alfa é bonito, bem construído com acabamentos de topo e tem motor Ferrari, só lá diz "Alfa Romeo" mas nunca será visto ao mesmo nível de um Ferrari, com isto quero apenas dizer que por muita qualidade que uma marca Japonesa apresente a maioria de nós não consegue ver além do óbvio, é Citizen, é logo pior que um Rolex de entrada de gama com um movimento com sei lá quantos anos e que nunca foi alterado.

@Nunogoncalves, esta tendência que descreves já vem desde 2019, onde foi a "loucura" das braceletes integradas metálicas e dos mostradores azuis escuros! Uns mais próximos do Genta, outros menos. 

Mas @Duca749, eu concordo com o @Nunogoncalves! 

Todos nós temos uma determinada perceção de uma dada marca. E cada marca é uma realidade em si mesma, distinta de todas as outras, tal como também não há duas pessoas iguais. Uma marca não é só um mero símbolo, é um universo complexo de fatores, que vão desde a história, ao mercado a que se destinam, passando pelo design, qualidade, atitude social, forma de vender, serviços pós venda, glamour, materiais, tipo de publicidade, patrocínios que usam como marketing, filosofia de mercado ... enfim, sem pretender ser exaustivo. E, claro, tudo isto é assumido pela marca e incutido no consumidor através do marketing. As boas marcas, na sua esmagadora maioria, demoram muito tempo a ser construídas e exigem muito esforço e rigor! E qualquer passo em falso as pode deitar abaixo!

Dito isto, um Alfa Romeo com um motor Ferrari, não é um Ferrari. Pode ser muito bom, mas é ... um Alfa Romeo com um motor Ferrari. 

E o posicionamento ao longo da história de marcas como a Rolex e a Seiko ou a Citizen (meros exemplos), não podem ser confundidos. São realidades totalmente distintas. A Citizen até pode fazer um relógio que supere a Rolex em vários aspetos, mas nunca poderá, face ao seu posicionamento, aspirar a praticar os mesmos preços que a Rolex pratica. Quer dizer, ela pode pedir o que quiser, mas o que me parece certo é que muito pouca gente dará os mesmos 6000 euros por um Citizen, que daria por um Rolex.

É que - e termino com isto - nunca nos podemos esquecer que quando compramos uma coisa, um relógio, um carro, uma caneta, um fato, um computador, uma casa, uma refeição num restaurante, uma viagem, enfim, qualquer coisa, não compramos só a simples e objetiva "qualidade", não, compramos sempre, ou quase sempre, muito mais do que isso. 

Concluindo, parece-me também, no mínimo, arrojado, a Citizen pedir 6000 euros por um relógio que pouco inova, um produto da moda, por muita qualidade que tenha! 

Desculpem o testamento ... é que eu começo a escrever e nunca mais paro, é deformação profissional! 

Concordo contigo @JPP eu também se tivesse 6000€ para dar por um relógio também comprava um Rolex e não um Citizen, porque um Rolex não é só o relógio em si é tudo o que o envolve e valorização associada a ele.

O que eu quis dizer é que apesar de um relógio ser objectivamente melhor do que um Rolex o facto de ser de marca Japonesa a maioria olha-o logo como se ele fosse mau e catalogam-no como tal, e por vezes isso não é verdade, eu sempre achei que os Grand Seiko por ex. eram demasiado caros para o relógio que eram, até ter um na mão, são incrivelmente bem construídos e com um acabamento brutal, na minha opinião estão uns furos acima de um Rolex OP e já tive com um desses na mão também, agora se dava o que eles pedem, não, mas isso não quer dizer que eu não consiga ver para além do preço e consiga ver que realmente o relógio é excelente e de qualidade, não assumo logo que por ser Japonês é de inferior qualidade.


Em relação ao aspecto da herança "Genta" antes dele criar o Royal Oak e Nautilus já haviam relógios com braceletes integradas e bem bonitos, ele conseguiu foi apurar o design, e como é lógico quando aparece um caminho ganhador todos acabam por ir atrás, e também não vejo nenhum mal nisso desde que não sejam "réplicas" eu até gosto bastante desse tipo de conceito, antes isso do que seguirem caminhos mais arrojados e comecem a inundar o mercado com relógios do tipo Richard Mille 

Duca749 escreveu:Concordo contigo @JPP eu também se tivesse 6000€ para dar por um relógio também comprava um Rolex e não um Citizen, porque um Rolex não é só o relógio em si é tudo o que o envolve e valorização associada a ele.

O que eu quis dizer é que apesar de um relógio ser objectivamente melhor do que um Rolex o facto de ser de marca Japonesa a maioria olha-o logo como se ele fosse mau e catalogam-no como tal, e por vezes isso não é verdade, eu sempre achei que os Grand Seiko por ex. eram demasiado caros para o relógio que eram, até ter um na mão, são incrivelmente bem construídos e com um acabamento brutal, na minha opinião estão uns furos acima de um Rolex OP e já tive com um desses na mão também, agora se dava o que eles pedem, não, mas isso não quer dizer que eu não consiga ver para além do preço e consiga ver que realmente o relógio é excelente e de qualidade, não assumo logo que por ser Japonês é de inferior qualidade.


Em relação ao aspecto da herança "Genta" antes dele criar o Royal Oak e Nautilus já haviam relógios com braceletes integradas e bem bonitos, ele conseguiu foi apurar o design, e como é lógico quando aparece um caminho ganhador todos acabam por ir atrás, e também não vejo nenhum mal nisso desde que não sejam "réplicas" eu até gosto bastante desse tipo de conceito, antes isso do que seguirem caminhos mais arrojados e comecem a inundar o mercado com relógios do tipo Richard Mille 

Richard Mille é uma marca que eu também abomino @Duca749! Provavelmente, ou melhor, seguramente, que até têm qualidade, mas não gosto do conceito, do design e de toda a imagem que lhes está associada! 

E é o que dizes, de forma nenhuma pensarmos que só por ser Japonês tem de ser de qualidade inferior às grandes marcas Suiças ou outras. Eu adorava ter um Grand Seiko também, por acaso nunca tive nenhum na mão, mas tenho noção de serem top! Mas, lá está, se eu neste momento tivesse 6K para dar por um relógio, há pelos menos 20 outros relógios que compraria antes de chegar ao GS! 

Vi uma apresentação deste movimento pelo CO (penso) da Citizen no Youtube. Eles levaram a precisao a um nível muito alto, pelo menos é o que deixa a pensar pelas imagens e documentário. Mas o preço realmente...mas o amantes da marca com certeza muitos o vao adquirir. Relembro que o movimento 0100 da Citizen é o mais preciso do mercado. +- 1 segundo por ano. Mas por este preço é como dizem aqui, eu preferia um Grand Seiko ou Rolex, ou mesmo Omega. Marcas conceituadas e que até valorizam com o tempo (algumas). Mas como tudo... a qualidade paga-se, e a Citizen nao olhou a meios para conseguir um movimento excelente, ao nível dos melhores  a meu ver. Mas é a minha humilde opinião...

JPP escreveu:@Nunogoncalves, esta tendência que descreves já vem desde 2019, onde foi a "loucura" das braceletes integradas metálicas e dos mostradores azuis escuros! Uns mais próximos do Genta, outros menos. 

Mas @Duca749, eu concordo com o @Nunogoncalves! 

Todos nós temos uma determinada perceção de uma dada marca. E cada marca é uma realidade em si mesma, distinta de todas as outras, tal como também não há duas pessoas iguais. Uma marca não é só um mero símbolo, é um universo complexo de fatores, que vão desde a história, ao mercado a que se destinam, passando pelo design, qualidade, atitude social, forma de vender, serviços pós venda, glamour, materiais, tipo de publicidade, patrocínios que usam como marketing, filosofia de mercado ... enfim, sem pretender ser exaustivo. E, claro, tudo isto é assumido pela marca e incutido no consumidor através do marketing. As boas marcas, na sua esmagadora maioria, demoram muito tempo a ser construídas e exigem muito esforço e rigor! E qualquer passo em falso as pode deitar abaixo!

Dito isto, um Alfa Romeo com um motor Ferrari, não é um Ferrari. Pode ser muito bom, mas é ... um Alfa Romeo com um motor Ferrari. 

E o posicionamento ao longo da história de marcas como a Rolex e a Seiko ou a Citizen (meros exemplos), não podem ser confundidos. São realidades totalmente distintas. A Citizen até pode fazer um relógio que supere a Rolex em vários aspetos, mas nunca poderá, face ao seu posicionamento, aspirar a praticar os mesmos preços que a Rolex pratica. Quer dizer, ela pode pedir o que quiser, mas o que me parece certo é que muito pouca gente dará os mesmos 6000 euros por um Citizen, que daria por um Rolex.

É que - e termino com isto - nunca nos podemos esquecer que quando compramos uma coisa, um relógio, um carro, uma caneta, um fato, um computador, uma casa, uma refeição num restaurante, uma viagem, enfim, qualquer coisa, não compramos só a simples e objetiva "qualidade", não, compramos sempre, ou quase sempre, muito mais do que isso. 

Concluindo, parece-me também, no mínimo, arrojado, a Citizen pedir 6000 euros por um relógio que pouco inova, um produto da moda, por muita qualidade que tenha! 

Desculpem o testamento ... é que eu começo a escrever e nunca mais paro, é deformação profissional! 

É mesmo isto!

Eu não quis pôr em causa a qualidade geral do relógio, do movimento, dos acabamentos, etc. Mas acho que colocar à venda um relógio de 6000 USD quando se é conhecido por relógios de 200-300 USD (e bons!) é um passo que me deixa algo perplexo, porque acho que se queimam muitas etapas, etapas essas por onde outras marcas tiveram que passar, e que podem demorar décadas ou séculos a percorrer.

E a Citizen não é caso único. Para não pensarem que tenho algo contra relógios japoneses (que não tenho), tive uma reação parecida quando, há 1-2 anos, a Oris lançou o Oris Pro Pilot X (aquele com reserva de marcha de 10 dias) por 7300 EUR! Eu adoro Oris e tenho Oris, mas quando o teu mercado base está nos 500-2000 EUR, lançar um relógio de mais de 7000, por muito inovador que seja e por muita qualidade que tenha, é um passo questionável.

No entanto, o Pro Pilot X tem uma qualidade redentora importante - tem um design único e relativamente diferenciador... relembro que o ponto essencial do meu post, mais do que aludir ao preço, era mesmo aludir à enésima versão do mesmo relógio... mesmo que esse relógio seja bonito e bem conseguido.

É mesmo isso @Nunogoncalves, é queimar etapas!

Quanto ao ponto principal que referes, também concordo. Pessoalmente, estou um pouco farto de marcas sempre a fazerem o mesmo: design retro, design inspirado nos sucessos antigos, reedições, reinterpretações! Xiça, parece que não têm imaginação para mais! 

Eu, se quiser um relógio retro ou um sucesso antigo, prefiro esperar 5 anos até conseguir encontrar e/ou juntar dinheiro para comprar o original, do que comprar uma imitação dele, nova, feita pela marca! Aliás, eu sou suspeito para falar, pois em cada 20 relógios que eu hoje compraria, 19 seriam vintage e 1 talvez fosse novo. Os relógios novos cada vez me dizem menos! 

Eu nem queria dizer nada, para não me acusarem de estar a bater no ceguinho, mas parece que a Baume & Mercier vai apresentar um novo Riviera no Watches and Wonders, esta semana.

Conseguem adivinhar que tipo de relógio é?

Vejam os vídeos...

https://www.baume-et-mercier.com/us/en/watches/watches-and-wonders-geneva.html